AMOR EXTRA QUEIJO

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A noite caiu.

A Elisa telefonou para a Telepizza, fez uma encomenda e indicou o nome e a morada.

Tudo tinha sido acertado de tarde, junto à praia, com o Pedro Ramos, que trabalhava na distribuição de pizzas e por quem ela se tinha loucamente apaixonado.

Como combinado, deixou a porta entreaberta e deitou-se na cama aguardando ansiosa pela sua vinda.

Envolveu-se nua e displicente no lençol de cetim.

O tecido escorregou pela sua pele como um beijo.

Endoidecia a pensar que aquele homem estava presente mesmo antes de chegar.

Imaginou o amor que dentro em pouco iria compor uma sinfonia tocada no seu corpo por mãos e língua, sem partitura, de improviso.

Idealizou e sentiu, como se fosse real, o beijo quente no pescoço que ele lhe daria deixando a sua marca indelével, misturando-se à vida que já pulsava e aguava dentro dela em movimentos assíncronos.

Escutou passos firmes no corredor.

Era ele, finalmente!

Cumprindo o ritual e a fantasia que ele lhe pedira, vendou os olhos.

Foi assim de olhos firmemente cerrados que aguardou o desejado contacto do corpo dele cobrindo o seu.

 

Subitamente deu um pulo na cama, os olhos esbugalhados, quando ouviu uma voz feminina que lhe disse:

- São 12 euros, minha senhora. Está aqui a pizza que pediu.

-Mas... tartamudeou a Elisa. Pensei que era o Pedro que viria...

A moça da Telepizza esclareceu-a:

- O Pedro? O Pedro Ramos? Sei bem quem é. Foi meu colega. Mas ele agora trabalha na Pizza Hut...

Rui Felicio