FALSOS MORALISMOS

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Desde aquela manhã vivida em Famalicão no passado mês de Abril, que ficou bem patente para todos que a época estava acabada. Tanto para sócios como para profissionais da Académica. Deixar escapar uma subida inimaginável em casa do rival direto, somando ainda a “bomba” que caiu no balneário poucos minutos antes dessa partida foi doloroso tanto a nível emocional como psicológico.

A partir desse dia, o discurso da Académica – na voz de João Alves e de alguns jogadores – foi o de que “enquanto for matematicamente possível, a equipa entrará em campo com a mesma vontade de alcançar o objetivo a que se propôs”. Pois bem, se esse discurso convenceu alguém (dentro, ou fora do balneário), esgotou-se totalmente em duas semanas, pois foi em Matosinhos que, depois de empatar a uma bola com o Leixões, a Briosa ficou matematicamente fora da luta pela promoção. Desde esse dia, os de Coimbra tentaram mais uma vez mudar o discurso, focando-o desta vez em “terminar o campeonato no posto mais alto possível do campeonato, ou seja, o 3º.

As duas partidas jogadas desde esse dia em Matosinhos colocaram a Académica frente ao Cova da Piedade em Almada e frente ao Sporting da Covilhã no Calhabé, e tiveram curiosamente o mesmo resultado final: 2-0 para a equipa adversária. Mais do que o resultado final, todos estes encontros “pós-Famalicão” têm tido um denominador comum bastante evidente – a falta de ambição, energia e qualquer esboço de alegria dos “pretos” dentro das quatro linhas. Por mais do que uma vez se viu jogadores da Académica a desistirem das jogadas precocemente, a suavizar o contacto, e consequentemente a deixar cair a pique a qualidade de jogo que caracterizou a segunda metade do campeonato. Diria mesmo que esses 4 encontros desde a derrota em Famalicão foram mesmo um verdadeiro teste à lealdade dos adeptos à Académica, dada a péssima qualidade e extrema monotonia de todos esses jogos. É notório que o plantel está, mais ainda do que fisicamente, psicologicamente esgotado.

Posto este cenário desfavorável, não demoraram a sair da toca os críticos-nos-tempos-livres que tanto gostam de ralhar e condenar a Académica e aqueles que por ela lutam, principalmente quando a maré é mais adversa para o nosso clube. Apressaram-se em condenar a atitude dos jogadores, equipa técnica e até direção. Prontamente exigiram, de forma pública, que aqueles que semana após semana entraram nos relvados vestidos de negro aplicassem o seu máximo esforço, dedicação e que honrassem a camisola de Coimbra como faziam os antigos e lendários da nossa instituição.

Não discordando de que o profissionalismo tem de ser uma constante entre todos aqueles que participam na vida da Académica (como de qualquer outro clube ou organização), acredito que estas recentes acusações (que já tiveram consequências bastante graves como o caso de Romário Baldé à saída do Estádio, no passado Domingo) são exageradas e muito pouco sensatas. E digo-o por considerar que, dada a conturbada época vivida dentro do balneário da Briosa, muito apreço deve ser dado aos jogadores “moribundos” que pela mão do míster João Alves se tornaram autênticos heróis (quase consagrados) em pouco mais de 4 meses. Independentemente do fracasso desportivo que foi a não-promoção à Primeira Liga, este grupo de homens não pode ser criticado por falta de dedicação, esforço e garra na defesa do símbolo que carregaram ao peito durante toda uma época, depois dos intermináveis problemas internos (públicos) e muitos outros casos que afetaram diretamente a equipa. Muito menos podem essas críticas chegar numa altura em que, convenhamos, as partidas frente a Cova da Piedade, Sporting da Covilhã e Póvoa de Varzim (para não incluir neste lote de jogos aqueles frente a Mafra e Leixões) não contam competitivamente para rigorosamente nada.

Não achando justo, nem muito menos apoiando a falta de empenho da equipa neste sofrível fim de campeonato, mas também não tendo memória curta, considero de uma extrema ingratidão e falta de sensatez as duras e graves críticas endereçadas ao plantel nestas últimas semanas. Fica, na minha opinião, a faltar também o devido agradecimento ao grupo que conseguiu a proeza (da dimensão que o leitor quiser dar) de colocar os sócios e adeptos, imagine-se, a sonhar com uma subida de divisão depois daquilo que foi o início da época desportiva 2018/19.

 

Saudações – sempre – Academistas

Sócio 5332

16/05/2019

In Briosa sempre e só (facebook)