A ASCENSÃO DA EXTREMA-DIREITA EM PORTUGAL - REFLEXÕES E DESAFIOS

SANCHO14

 

A ascensão dos partidos de extrema-direita em Portugal tem sido um tema central de discussão e preocupação nos últimos anos. A rápida transformação do cenário político português, antes considerado livre da extrema-direita, levantou questões sobre os motivos que estão por trás desse fenómenos e das suas consequências para a sociedade e para o sistema político. Neste artigo de opinião, vamos explorar os principais fatores que contribuem para essa dinâmica e refletir sobre os desafios que ela apresenta.

Em menos de cinco anos, testemunhámos uma mudança significativa na paisagem política portuguesa, com o surgimento e crescimento do partido radical Chega. Este partido, que inicialmente era visto como uma força marginal, conseguiu estabelecer-se como uma presença relevante no Parlamento, captando a atenção e o apoio de uma parcela significativa da população. O seu discurso populista, centrado em temas como corrupção, imigração e criminalidade, ressoou junto a uma parte da sociedade portuguesa, especialmente entre os jovens menos escolarizados e aqueles que expressam valores autoritários de direita.

Uma das razões por trás do sucesso do Chega foi a sua habilidade em ocupar o espaço político deixado vago pelo Partido Social Democrata (PSD), que, ao longo dos anos, se afastou da retórica radical da ditadura e buscou posicionar-se como um partido de centro-direita democrático. No entanto, a natureza da transição política portuguesa deixou uma lacuna que o Chega soube preencher, oferecendo uma alternativa apelativa para aqueles que se sentiam desencantados com a política tradicional.

Além disso, a conjuntura política e social também desempenhou um papel crucial na ascensão da extrema-direita em Portugal. As recentes quedas de líderes socialistas e os escândalos de corrupção abalaram a confiança da população nas instituições políticas tradicionais, abrindo espaço para o surgimento de novas forças políticas. O Chega aproveitou-se dessas circunstâncias, apresentando-se como um partido anti-establishment, capaz de desafiar o status quo e representar os interesses daqueles que se sentiam marginalizados pelo sistema político existente.

No entanto, é importante reconhecer que a ascensão da extrema-direita não ocorre no vácuo político. Ela tem implicações significativas para o cenário político e social de Portugal, aumentando a polarização e os desafios de governabilidade. A aproximação dos partidos de direita moderados às políticas populistas radicais não representa uma ameaça à estabilidade e coesão do sistema político português, mas sim representa uma maior vigilância sobre os valores democráticos fundamentais, como a justiça, família, saúde e educação, entre o ser português, o contraste á corrupção, branqueamento de capitais e o fim da classe média trabalhadora.

Por fim, é importante ressaltar que, apesar das preocupações legítimas sobre os desafios representados pela ascensão da extrema-direita, é igualmente importante não sucumbir ao medo infundado. Numa democracia robusta, como a de Portugal, as instituições democráticas, como o presidente da república e o tribunal constitucional, desempenham um papel fundamental na proteção dos direitos e liberdades dos cidadãos, garantindo que os excessos políticos sejam contidos e que o Estado de direito seja preservado.

Em suma, a ascensão da extrema-direita em Portugal é um fenómeno complexo e multifacetado, que exige uma abordagem igualmente abrangente e multifacetada. Somente através do diálogo, da cooperação e do compromisso político será possível enfrentar os desafios que ela apresenta e garantir a continuidade do progresso democrático em Portugal.

Sancho Antunes