AMOR E ROSAS

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As pontas dos lençóis arrastavam pelo chão em desalinho, a fronha da almofada ao seu lado ainda continha a concavidade da cabeça do Paulo. E até o seu cheiro suave, característico.

Fitando o tecto, saciada e feliz, ela sentia ainda, no lençol debaixo da sua perna dobrada, a humidade e o calor dos suores dos corpos.

Estavam ainda ali os sinais do amor realizado naquela noite em que o Paulo a procurara no escuro do seu quarto, da sua cama...

A Beatriz era uma mulher madura, mas os anos não lhe tinham destruído a beleza e a fogosidade. Sentia-se ainda suficientemente atractiva aos olhos dos homens. Mesmo quando tinham menos vinte anos do que ela, como era o caso do Paulo.

Ele já tinha saído há umas duas horas, mas ela mantinha-se deitada. Não lhe apetecia sair da cama, queria prolongar o prazer daquela madrugada de sonho, reviver tudo, semicerrar os olhos e visualizar por entre a névoa da fantasia o seu rosto atraente, o seu corpo viril, o seu abraço carinhoso.

De súbito, a campainha tocou.

Esperou que a enteada fosse abrir.

Mas pouco depois a campainha retiniu com mais insistência. Ninguém fora abrir a porta.

A Natália já deve ter saído, pensou a Beatriz.

Contrariada, despertou da letargia em que se encontrava, enfiou à pressa a camisa de noite e estugou o passo até à porta.

Abriu, perscrutou com o olhar para um lado e para o outro, mas já não estava lá ninguém.

Já ia fechar a porta quando reparou, no chão, ao lado, um belo ramo de rosas com um cartão.

A Beatriz sentiu o coração bater desordenadamente, cheia de felicidade, pela delicadeza do Paulo ao oferecer-lhe, em sinal de amor, aquele magnifico ramo de flores.

Pegou no cartão perfumado que as acompanhava e leu:

“Para a Natália, grande amor da minha vida, com mil beijos do Paulo.”

Rui Felicio