CAÇA AO HOMEM!

MARLENE ASSIS3

 

No mundo da conservação ambiental, nenhum assunto desperta mais a atenção e polémica do que a Tourada e as paixões como a caça. Ficamos pela caça.

Além disso, a caça tem mais troféus e é mais internacional! A Inglaterra que o diga.

Sem dúvida com razão: é difícil não ficar espontaneamente comovido com as fotografias de restos mortais de leões, elefantes ou girafas deitados ao lado de orgulhosos caçadores brandindo as suas espingardas.

Durante cerca de vinte anos, várias associações não hesitaram em explorar esta emoção para angariar donativos, recrutando celebridades para a sua cruzada em busca de uma causa para apoiar de forma fácil e barata. Problema: mais do que uma simples questão de defesa dos animais, defendem que o combate à caça de troféus é acima de tudo uma questão de salvaguarda da biodiversidade. Estranho? Nem por isso.

Quando um projeto de lei foi apresentado na Inglaterra, ou no colonizador Reino Unido, como preferirem, para proteger a biodiversidade os representantes das associações que defendem a caça não hesitaram em mentir descaradamente aos legisladores ingleses, apresentando dados e estatísticas desvinculados de qualquer realidade científica. Tudo numa base de pura fantasia política.

Isto não impediu que os defensores da causa animal e vários especialistas se movimentassem durante muitos meses nas redes sociais. Mas o debate foi finalmente resolvido em Setembro passado. Enquanto o texto estava em segunda leitura na Câmara dos Lordes, os membros da Câmara Alta do Parlamento lançaram uma barreira ao propor mais de sessenta alterações (cada uma a ser debatida individualmente) para abrandar e assim impedir a sua promulgação.

Pior ainda para os defensores da ecologia, o rei Carlos III, o reizinho, não mencionou a caça aos troféus no seu discurso de 7 de Novembro. Para as ONG e os parlamentares que apoiam esse projeto de lei para proteger animais que vão desaparecer, rejeitado pelos Lordes, a explicação é óbvia: os membros do Parlamento que se opõem a este projeto de Lei, pois são todos caçadores sedentos de sangue que no alto da sua arrogância defendem a caça e a colonização dentro da Europa.

Gente que quer conservar a lata em vez da sardinha.

Marlene Assis
Bióloga