Ir para os Estados Unidos? “Não, obrigado!”

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, terá dito na passada semana que preferiria receber nos Estados Unidos mais imigrantes da Noruega e não de países como El Salvador, Haiti e outras nações africanas, que terá apelidado de “buracos de lixo” (numa linguagem um pouco mais efusiva).

 

Mas esta espécie de declaração de amizade por parte de Trump não parece ter despertado reciprocidade entre os noruegueses: o jornalista norueguês Ronnie Baraldsnes decidiu perguntar a alguns residentes de Oslo se gostariam de imigrar para os Estados Unidos.

Baraldsnes ouviu respostas como “Não quero ir viver para os Estados Unidos”, “Não tenho nada a fazer lá” e uma ainda mais sintomática “Não, não enquanto Trump lá estiver”. Citado por várias agências internacionais, Baraldsnes parece não ter conseguido ouvir ninguém que quisesse imigrar para os Estados Unidos.

A surpresa é pouca: a Noruega é um dos países mais desenvolvidos do mundo, com uma democracia madura – muitíssimo pouco atreita a corrupções – e com uma noção de distribuição justa da riqueza que transformou o fundo soberano nacional (‘recheado’ pela venda de petróleo) num caso de estudo em todo o mundo.

Mesmo assim, é de recordar que, no século XIX, imigraram para os Estados Unidos centenas de milhares de noruegueses, que tentavam escapar a uma região que, na altura, era apenas selvagem. Nunca chegaram aos números de Itália, Espanha (nomeadamente a Galiza) e os Balcãs, mas a verdade é que os noruegueses, por essa altura, tinham motivos de sobra para procurarem outras geografias na tentativa de atingirem uma vida melhor.

Segundo o instituto de estatísticas norueguês (SSB), citado pela agência Euronews, apenas 502 noruegueses, de uma população de 5,3 milhões de pessoas, emigraram para os Estados Unidos em 2016, menos 59 que no ano anterior. O instituto não especifica o perfil dos que rumaram aos Estados Unidos, mas serão, por certo, trabalhadores especializados ou profissionais liberais.

O desabafo de Trump terá sido feito quando lhe foi entregue uma lista de pedidos de entrada no país – que aparentemente desagradou ao presidente norte-americano, que terá resolvido adjetivar os países do topo da lista com uma cada vez mais costumeira falta de bom senso.

António Freitas de Sousa