UNIVERSIDADE DE COIMBRA SEM “GOLOS”

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Esta semana foram nomeados professores catedráticos em número igual ao de uma “equipa de futebol”. Mas só o número de 11 nomeados poderia sugerir uma equipa de futebol, dado que, pelo menos 6 destes 11, estão muito mais próximos da reforma do que jogar pela vitória da Universidade de Coimbra.

A idade, mais próxima da reforma, afasta qualquer possibilidade de trazer mais vitórias à Universidade de Coimbra. Facto que contraria a afirmação do reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, que disse“Há um denominador comum. Todos estes docentes provaram durante as suas carreiras que gostam sempre de fazer mais e melhor”, a não ser que apenas se refira ao passado de, pelo menos, 6 dos nomeados esta terça-feira, 23 de Julho, onde foi oficializada, numa cerimónia na Sala do Senado.

Acresce o fato, indesmentível, de que com estas nomeações há um maior dispêndio de verbas. Dispêndio que até poderia ser investimento se estas 11 nomeações fossem contribuir para um maior desenvolvimento, “fazendo mais e melhor”, em prol do ensino superior da vetusta Universidade de Coimbra. Mas, considerando que mais de metade está apenas para passar à reforma, pouco se espera das suas futuras contribuições. Por muito boa vontade e espírito ativo que possam ter demonstrado no passado e ainda possuírem. Considerando que este tipo de “jogo de futebol” das ciências, humanas ou exatas, é um jogo de grande fôlego.

A realidade é que nos muitos projetos levados a concursos nacionais e internacionais, a Universidade de Coimbra, começa a ser desconsiderada face a outras universidades portuguesas e a questão começa a ser complicada e um grande problema que vai aumentando em todas as Faculdades da UC. Demonstrando estar a perder o fôlego de estar presente, dar ideias, lutar pela inovação e esses começam a ser os “golos” que não marca. Naturalmente que a equipas que não marcam “golos” acabam esquecidas nos cantos dos “jogos” sejam nacionais, sejam internacionais. E isso também cabe à função dos catedráticos - que é o de levar as equipas a serem mais ativas dando o exemplo da inovação.

A esta necessária correção da Universidade de Coimbra foi acrescentada por um dos docentes, de entre os 11 nomeados a catedráticos, que lançou um alerta pela falta de técnicos. Para além da falta de “jogadores em campo” ainda faltam técnicos.

Ao que o reitor, Amílcar Falcão, logo lamentou a dificuldade que a instituição tem em contratar técnicos: «Nós temos um problema sério de retenção de talento na UC. Neste momento, temos dificuldade em reter os técnicos porque são mal pagos. A universidade não pode fazer nada porque os ordenados destes técnicos estão tabelados por lei». Esta” é só uma parte da realidade”, como nos informou um docente. A parte que não foi, também, dita é que a Universidade de Coimbra (UC) tem como prática constante procurar na Lei a forma de pagar pela tabela mais baixa. “Nesta desvalorização de condições laborais para técnicos e investigadores precários resultam numa baixa grande de rendimento da UC” explicou ao O Ponney um dos docentes da Universidade de Coimbra.

«O objetivo maior da UC é o de atrair alunos, o que é muito legítimo! O problema começa quando fazem subir o escalão dos Professores, mas não abrem novas vagas. Ficando os poucos técnicos e alguns investigadores precários como possível solução para resolver a falta de docentes para os novos cursos e novas disciplinas». O docente explicou, que nesse sentido, passa a haver uma sobrecarrega para todos. Dado que a reitoria não contrata mais professores e recusa-se a melhorar as condições dos técnicos e dos investigadores precários (os que vivem das candidaturas dos seus projetos).
Por isso é que «alguns professores usam alguns técnicos e investigadores para darem aulas sem receberem mais por isso. Aumenta-se a carga laboral, mas não se aumenta a remuneração!» acrescentando ainda que muitas vezes “guarda-se segredo...umas vezes para não se perder o lugar outras com medo de ostracização” - afirma o docente.

Em jeito de síntese: é urgente valorizar a UC, mas falta gente que continue esse desenvolvimento. A UC está a perder, cada vez mais, esse espaço para meter a “mão-na-massa” e encabeçar os projetos nacionais e internacionais.
Segundo o reitor Amílcar Falcão que afirmou, como exemplo: «Não conseguimos reter um técnico informático. É muito difícil ultrapassar este combate desigual, mas é impossível pagar a um técnico informático o que ele vai receber em qualquer outra empresa». A questão é que a empresa privada, para pagar um ordenado mais elevado aos seus técnicos, afere bem a produtividade e o dinamismo. Pois caso contrário não consegue os fundos para pagar por cima da tabela salarial.

Ora se quem deveria estar no topo da hierarquia da equipa tem que ir para os bancos, levando consigo muitos recursos financeiros, a equipa fica sem “jogadores” e fica sem recursos para contratar gente dinâmica para continuar a jogar.


JAG